Portal de ativação galáctica
Caminhante do céu planetário vermelho
Quem ai quer falar ? Levanta a mão
Quem ai quer escutar ? Levanta a mão
Quem quer se manifestar ? Levanta então
Quem ai quer entender?
Desde a casa leste da luz, que a sabedoria se abra em aurora sobre nós, para que vejamos tudo com claridade.
Desde a casa norte da noite, que a sabedoria amadureça entre nós, para que vejamos tudo desde dentro.
desde a casa oeste da transformação, que a sabedoria se transforme em ação correta, para que façamos o que tenha que ser feito.
desde a casa sul do sol eterno, que a ação correta nos dê a colheita, para que desfrutemos do ser planetário.
desde a casa superior do paraíso, onde se reúnem os entes das estrelas e os antepassados, que as suas bênçãos cheguem até nós agora.
Desde a casa interior da terra, que o pulsar do coração de cristal do planeta nos abençoe com suas energias, para que acabemos com as guerras.
Desde a fonte central da galáxia, que está em todas as partes ao mesmo tempo, que tudo se reconheça, como luz de amor mútuo.
Quando a fera fere e mata alguém
Só porque difere de gênero, tem
Algo enrustido, algo enrustido
Quando descrimina a pele de alguém
E não preza a mina de onde cê vem
Faz um ebó pra ele, um ebó pra ele
Ninguém solta a mão de ninguém
Olho no olho, gente por gente
Cuidar de cada um dentro de nós
Quando acelera, atropela alguém
Envenena o ar e expõe seu desdém
Pega a bicicleta, pega a bicicleta
Se derruba a mata e atira em alguém
Que cuida da floresta como mais ninguém
Faz um rapé pra ele, um rapé pra ele
Ninguém solta a mão de ninguém
Olho no olho, gente por gente
Cuidar de cada um dentro de nós
Se criminaliza o direito de alguém
De ter moradia e uma terra também
Movimenta ele, movimenta ele
Esse alguém sem nome sou eu e você
Se juntar não some, faz aparecer
Nome e sobrenome, nome e sobrenome
Brasil patriota, só na hora do gol
Brasil patriota, só na hora do show
Mas quando a lama avança
A pátria não é tão gentil
O supremo rasga a carta
A clava mata no covil
Mas quando a fome no mapa
E longe de onde se come aqui
O heroico brado cala
O berço finge que não viu
Que a natureza se rebele
Selvagem cubra a terra
Tome tudo de volta
E sobre só as plantas
E o canto dos pássaros
E sobre só o orvalho
E o canto dos pássaros
E sobre só a seiva
E o canto dos pássaros
E sobre só o pólen
E o leito dos rios
Em todo ser vive a serpente
Semente cósmica fecundou
Terras e povos até o ocidente
Resiste o DNA
Na sua natureza
Justiça que mente
Polícia que mata
Igreja que achaca
Milícia protege
Bandido purista
Ladrão é o artista
A rede que cansa
A nuvem que pesa
A tela que cega
Um amigo é como tocar o que não se partiu
Não tenha medo, estamos juntos de você
Um professor está falando com você
Tire essa arma da mão
Bobagem é notícia
Museu é entulho
Burrice é orgulho
Mentira é lucro
Cadáver insumo
Governo sem rumo
Toda prisão é política
E todo pobre é perigo
Um amigo é como tocar o que não se partiu
Não tenha medo, estamos juntos de você
Um professor está falando com você
Tire essa arma da mão
Nasci menina na cidade grande
A maior da américa do sul
Comia hambúrguer, via filme gringo
Falava inglês e ouvia blur
Um belo dia já adolescente
No remelexo conheci forró
E desde então é coração saudade
Foi, foi, foi
Foi meu primeiro amor
Foi, foi, foi
E até hoje eu danço esse calor
Nasci menino longe da cidade
No semiárido lá do sertão
Não tinha água tão pouco comida
Até que lula veio e deu a mão
Um belo dia já adolescente
No remelexo fui fazer forró
E conheci uma galeguinha linda
Foi, foi, foi
Foi meu primeiro amor
Foi, foi, foi
E até hoje eu danço esse calor
Será que pode um nordestino pobre
E uma menina classe média, sim
Juntar os trapos, romper as barreiras
De um país que ainda pensa assim
Hoje moramos na cidade grande
Mas nossa casa é do interior
E nossos filhos cada vez mais lindos
Mesmo que seja um dia ruim
E o atraso feche o cerco
A nossa desobediência
Não come caruru azedo
Mesmo que o dia seja bom
Que o trabalho prosperar
Que os amigos estejam perto
Sei que o melhor há de chegar
Bichinho tu é muito lindo
E eu volto pra casa sabendo de cór
Que dentro da sua barriga
Tem vida, tem vida
Bichinho tu é muito lindo
E eu volto pra casa sabendo de cór
Que é velho esse céu meu amor
Vem dormir de conchinha
E sentir meu calor
Mesmo que seja um dia ruim
E as trevas draguem tanto medo
A cura é luz e medicina
Encanto, ávido, aceso
Mesmo que o dia seja bom
Que o trabalho prosperar
Que os amigos estejam perto
Sei que o melhor há de chegar
Tu beso se hizo calor
luego el calor, movimiento
luego gota de sudor
que se hizo vapor, luego viento
Que en un rincón de la rioja
movió el aspa de un molino
mientras se pisaba el vino
que bebió tu boca roja
Tu boca roja en la mía
la copa que gira en tu mano
y mientras el vino caía
supe que de algún lejano rincón
De otra galaxia
el amor que me darías
transformado volvería
Algún día a darte las gracias
Cada uno da lo que recibe
y luego recibe lo que da
nada es más simples
no hay otra norma
nada se pierde
todo se transforma
El vino que pagué yo
con aquele euro italiano
que había estado en un vagón
antes de estar en mi mano
Y antes de eso en torino
y antes de torino en prato
donde hicieron mi zapato
sobre el que caería el vino
Zapato que en unas horas
buscaré bajo tu cama
con las luces de la aurora
junto a tus sandalias planas
Que compraste aquella vez
en salvador de bahía
donde a otro diste el amor
que hoy yo te devolvería
Não vamos nos desgrudar nunca mais
Tatuagens no corpo são pra sempre
Não vamos nos desgrudar nunca mais
Isso você dirá com um sorriso
Sentirei sua falta bem na minha chegada
A casa estará vazia, só a espada de são jorge
Nas primeiras cartas o tesão flutuante
Olhos, ondas, levante, coração adolescente
Sentirei sua falta na minha praia da infância
No toque da alvorada, passos e consonâncias
Não vamos nos desgrudar nunca mais
Tatuagens no corpo são pra sempre
Não vamos nos desgrudar nunca mais
Isso você dirá com um sorriso
Sentirei sua falta quando for noite em santa
Na boate de cumbia, lobos, fitas e danças
Você tirou a camisa, a flor negra no peito
A baleia no braço, confiando em meu abraço
Sentirei sua falta na escada rolante
Abbott e costelo naquele filme alucinante
Sentirei sua falta quando for lua cheia
Sobre a cama exaurida
A história de nossas vidas
Que venha um amor
E mexa com o mar
Que nem a lua deixa
E que esse amor
Seja sempre
Independente
Para não virar prisão
Traga o silêncio, vem
Junto com alguém
E que esse alguém
Seja sempre
O que me beija
E eu voarei também
Se ele traz o que é o bem maior
Serei só gratidão
Se ele traz o que é o bem maior
Chega para mim
Que venha um amor
E mexa com você
Como a força deixa
E que esse amor
Seja sempre
Um pano quente
Fácil não tem ninguém
Traz o inconsciente, vem
Junto com alguém
E que esse alguém
Seja sempre
O que se deita
E eu voarei também
Agua corre sobre a pedra
fio que descarrega
nem todo ouro doura a pele
nem toda luz é veloz
todo verde é transparente
e treme ao vento
o dia é alto e bate palma
cai a noite, esconde a voz
o seu pai era bandido
mas você apareceu
nunca é um de uma vez
nunca mais uma coisa só
All songs written & composed by Lucas Santtana
except 7 (Jorge Drexler), 9 (L. Santtana/L. G. Lopes)
and 10 (L. Santtana/A.Lindsay)
Executive production and A&R - Lucas Santtana
Artwork - Sirc Heart
Graphic design - Element(s)
Lucas Santtana - voice and acoustic guitar
Recorded, mixed and produced by Gilberto Monte
Mastered by Redtraxx
Portal de Ativação uses a piece of "7 way prayer" by Valum Votan
Le Brésilien Lucas Santtana est né en 1970 à Salvador de Bahia, capitale noire d'un Nordeste résistant. Ayant fréquenté très tôt les milieux tropicalistes, mouvement radical apparu à Bahia à la fin des années 1960 et incarné par Gilberto Gil, Tom Zé ou Caetano Veloso, il en a gardé l'esprit, et un précepte : toute vision de la modernité passe par la rupture. Son huitième album, Le ciel est vieux depuis longtemps, suit cette logique. Après les collages électroniques, voici Lucas Santtana revenu à la simplicité « voz- violão », guitare-voix, à laquelle nous avait habitué João Gilberto, héros brésilien disparu en juillet 2019, et qui avait créé la bossa nova en cassant les arcanes de la samba. « Publier cet album alors qu'il vient de disparaître est pour moi, un symbole fort », dit Lucas, homme cordial.
Pour ses deux précédents albums, le caméléon Sobre Noites e Dias (2014), et le multimedia Modo Avião (2017), Lucas Santtana avait utilisé des échantillonnages de sons, des extraits littérairs (avec par exemple la voix de Fanny Ardant), des bruits et dialogues enregistrés à vif à la porte d'un avion, tandis que O deus que devasta mas também cura (2012) proposait des samples de Beethoven ou de Debussy. Cette fois, la sobriété est le maître mot. « D'une part, d'un point de vue personnel, j'étais allé au bout de ces architectures sonores. Je voulais m'en séparer, et comme après la fin d'un mariage heureux, tout laisser, partir avec une seule valise, simplement. Et puis, politiquement, puisque nous sommes dans une époque où tout le monde crie très fort, où personne ne veut écouter l'autre, j'ai pensé que c'était le moment de parler tout bas aux oreilles des gens ». L'auteur-compositeur interprète bahianais a ainsi cherché les points d'intersection entre l'intime et la situation politique et sociale, très dégradée au Brésil depuis l'élection du président populiste d'extrême droite Jair Bolsonaro fin 2018.
Lucas Santtana observe les turbulences du monde avec un mélange de grâce et de pessimisme : « Le monde traverse un orage où l'extrême droite avance avec des idées rétrogrades. Le Brésil n'est pas différent. Un gouvernement de miliciens est arrivé au pouvoir de manière douteuse, aidé par les fake- news diffusées en masse sur WhatsApp notamment. Il attaque les droits de l'homme avec violence et censure, il a propagé une culture de mort via les agro toxiques interdits ailleurs, la légalisation du port d'armes, l'annexion des terres indigènes en Amazonie pour détruire la forêt au profit des orpailleurs et des compagnies de mines. Je n'arrive pas à comprendre cette force de destruction ». L'obscurantisme des temps présents sert, selon le flâneur brésilien, à « l'introspection », une descente vers les guerres intestines qui tourmentent chacun de nous. De la dureté et de la noirceur a surgit un album pacifié, créé seul, parfois renforcé par une jeune garde turbulente (Jaloo, Linn da Quebrada, Duda Beat) et Juçara Marçal du goupe new jazz Metá Metá.
Ainsi, l'album s'ouvre-t-il sur Portal de ativaçao. Le titre, aux accents marqués de musique nordestine (« du xote, du baião, du forró, de la samba de Bahia, etc., c'est naturel, c'est mon héritage »), nous incite à réagir, et à ouvrir le débat. « Qui veut parler ? Levez la main/Qui veut écouter, levez la main ! ». Au creuset africain si vif au Brésil, Lucas Santtana a rattaché le chamanisme des Amériques, en citant ici La prière aux 7 directions, de l'artiste new age Valum Votan (José Argüilles 1939-2011), référence au calendrier maya et à sa cosmologie mystique. Les attaques aux minorités (Ninguém solta a mão de ninguém), les mensonges du système politique en place (Um professor esta falando com você) sont abordés frontalement, tout comme la perversité des élites d'un Brésil post-colonial (Brasil Patriota, avec citations du livre Le serpent cosmique de Jeremy Narby, lui aussi adepte de l'hayahuasca, plante hallucinogène sacrée, mêlées à des emprunts à l'hymne national brésilien). « L'album est en circonvolutions. Les chansons se connectent, un mot dans l'une se retrouve dans l'autre, elles sont embrassées. C'est un univers».
Lucas Santtana incarne un Brésil cultivé et créatif. A la fin des années 1990, les majors du disque, victimes du piratage en masse, désertent le champ de la MPB (Musica Popular Brasileira), la chanson, aussi rock soit-elle. Surgit alors une génération très indépendantes, des « fils de », comme Moreno Veloso, fils de Caetano, des êtres singuliers, tel Rodrigo Amarante, des intellectuels, des groupes urbains comme Metá Metá, l'américano-brésilien Arto Lindsay, ou la chanteuse électro Céu. « Des univers très divers, des gens qui, comme moi, travaillent sur des textures. Ce que j'aime, c'est habiller des musiques, comme un couturier, avec des tissus, des couleurs ». Neveu de Tom Zé, fils du producteur historique des Tropicalistes, Roberto Sant'Ana, Lucas, multi instrumentiste, est appelé en 1993 par ses aînés Caetano Veloso et Gilberto Gil, pour participer à l'album Tropicália 2. On le retrouve aux côtés du révolutionnaire du rock éléctro Chico Science et de son groupe Nação Zumbi. Il publie son premier album, Eletro bem Dodô, chez l'indépendant Natasha Records en 2000. Il compose pour des vedettes de la MPB, Fernanda Abreu, Marisa Monte, Daniela Mercury...
En 2011, Lucas Santtana aborde les rivages européens, via l'Angleterre, et le label Mais Um Disco ! qui lui ouvre les portes de la BBC via le programme radio Wordwilde du DJ Gilles Peterson. En 2014, il intègre le label français novateur Nø Førmat!. Lucas croit à la force de l'amour, comme rempart à la ségrégation (Meu primeiro amor) et la gestion quotidienne de l'arbitraire (O melhor há de chegar, Não vamos desgrudar nunca mais, O Bem Maior). Tout passe, tout se transforme, parfois en pire (Seu pai, écrit avec Arto Lindsay, est un blues à double tranchant : « Ton père était bandit, mais te voici »). Les profonds dérèglements des sociétés, l'inversion absurde des valeurs et des constantes - la justice qui ment, la police qui tue, le bandit qui est artiste, le nuage qui pèse, le hamac qui fatigue - ne sauraient résister au précepte de Lavoisier (Todo se tranforma, chanson de l'Uruguayen Jorge Dexler). Le musicien philosophe et francophile livre ainsi un disque libre, aéré, poétique, car « même si les temps sont obscurs, ils passeront, car tout est cyclique. D'où le nom du disque : « le ciel est vieux depuis longtemps ».
Summer tour 2021
26.06.2021 VIENNE (FR) Jazz à Vienne
30.06.2021 PARIS (FR) New Morning
12.07.2021 ARLES (FR) Les Suds à Arles
15.07.2021 NARBONNE (FR) La Tempora
21.07.2021 BORDEAUX (FR) Les Inédits
23.07.2021 CHANAC (FR) Détours du monde
30.07.2021 FLOREFFE (BE) Esperanzah TBC
01.08.2021 SETE (FR) Fiesta Sete
10.08.2021 NANTES (FR) Aux Heures d’été
18.08.2021 NOTRE DAME DES MONTS (85) La Déferlante
22.08.2021 VALOGNES (FR) Les Traversees De Tatihou
28.08.2021 CHOMERAC (FR) Festival Soir Guitares